Iniciando a semana 4 - Quarentena
Estou iniciando hoje, domingo de páscoa (12/04/20) a quarta semana de quarentena do covit-19.
Durante essas três semanas tive sentimentos extremos. Fiquei puta com as pessoas passeando como se nada estivesse acontecendo, fiquei triste com todas as mortes que já ocorreram no Brasil e no mundo, fiquei ansiosa com os anúncios dos números do governo, fiquei irritada com a lentidão em exibir os dados já testados, não vou nem perder tempo em comentar os desmandes do governo louco, mas o que mais me deixou triste não foi em saber que é provável que morra um terço da população mundial, mas sim ouvir de alguém próximo a você que tem o pensamento parecido com o presidente louco, então você olha pra pessoa chocada e engole os seus argumentos.
Pra que gastar saliva, não é?
A região onde moro ainda não teve nenhum caso confirmado (mas levando em consideração de que os resultados estão pelo menos com o atraso de 10 dias, eu acredito que já tenha pelo menos um caso no bairro), não sei se isso é bom ou não.
Eu sei que sou uma pessoa sortuda porque o meu chefe entendeu que nesse momento estamos tentando salvar vidas (o restante corremos atrás depois), e antes mesmo dos números ficarem altos já estávamos em quarentena, eu sei que grande parte da população não tem essa sorte, e a grande maioria irá ficar desempregada (não que eu não corra esse risco, na empresa já teve alguns deligamentos) e, perder o emprego no meio dessa pandemia será ainda mais difícil.
Eu não vou bancar a ingênua e dizer que isso não pode acontecer comigo só porque estou trabalhando em home office, eu meio que já tenho um plano B se isso acontecer, afinal o aluguel não se paga sozinho.
Eu passei muito tempo sem escrever, eu meio que não tinha vontade com tantos desmandes que aconteceram, mas agora é diferente.
Porque você deve estar se perguntando, e a resposta é simples:
O mundo como você conhece acaba de mudar.
Eu já vi isso acontecer.
Nasci durante a ditadura militar, vi coisas que uma criança não deveria ver por morar em uma região de fronteira, vi a democracia renascer no país com os militares deixando o poder e o povo indo às urnas para finalmente poderem escolher seus governantes.
Vi esses governantes se transformarem em lobos loucos por poder e enlouquecidos por dinheiro.
Vi o lado negro do ser humano vir à tona nos últimos anos, exibindo toda podridão por suas fantasias macabras.
O mais triste de tudo isso é saber que muitas pessoas sabem dessa podridão e não denunciam, simplesmente dão de ombros dizendo que não é com eles então pra que se importar.
Pra que, não é? Milhares de pessoas são sequestradas todos os anos, porque as pessoas não se importam.
Eu estou saindo do foco aqui, a questão é que:
As pessoas não perceberam que o mundo mudou, elas continuam a viver no mundo do EU, esse mundo não existe mais, agora o mundo será o NÓS, sim caminhamos pra algo mais coletivo, o liberalismo selvagem pode estar dando a abertura para algo novo, algo que o vizinho que está curtindo o churrasco dele com os amigos não percebeu, assim como não entendeu que essa doença está avançando.
Eu estou preocupada, sim estou, a minha imunidade está muito comprometida, eu não sei o quanto eu consegui estabiliza-la. Eu faço parte do grupo de risco e, sim nas próximas semanas posso ser contaminada mesmo sem sair de casa, o residencial onde resido as casas são bem próximas e muros não podem lutar contra o vento, não é?
Eu aceitei a inevitabilidade da situação, por isso voltei a escrever, o meu lado narcisista quer deixar uma marca no mundo.
Pelo menos uma coisa boa vai restar para os sobreviventes (é porque a quarentena está apenas começando, vamos vive-la pelo menos mais uns dois meses - sim sou otimista, me processe), eles irão reaprender como é ter uma convivência familiar. tenho a esperança de que quando tudo isso terminar, os sobreviventes sejam mais conscientes e valorizem mais a família em vez do dinheiro.
Se eu sobreviver estarei me mudando, vou morar perto da família, não quero viver essa angustia de não saber o que está acontecendo com eles mais.
Estou iniciando hoje, domingo de páscoa (12/04/20) a quarta semana de quarentena do covit-19.
Durante essas três semanas tive sentimentos extremos. Fiquei puta com as pessoas passeando como se nada estivesse acontecendo, fiquei triste com todas as mortes que já ocorreram no Brasil e no mundo, fiquei ansiosa com os anúncios dos números do governo, fiquei irritada com a lentidão em exibir os dados já testados, não vou nem perder tempo em comentar os desmandes do governo louco, mas o que mais me deixou triste não foi em saber que é provável que morra um terço da população mundial, mas sim ouvir de alguém próximo a você que tem o pensamento parecido com o presidente louco, então você olha pra pessoa chocada e engole os seus argumentos.
Pra que gastar saliva, não é?
A região onde moro ainda não teve nenhum caso confirmado (mas levando em consideração de que os resultados estão pelo menos com o atraso de 10 dias, eu acredito que já tenha pelo menos um caso no bairro), não sei se isso é bom ou não.
Eu sei que sou uma pessoa sortuda porque o meu chefe entendeu que nesse momento estamos tentando salvar vidas (o restante corremos atrás depois), e antes mesmo dos números ficarem altos já estávamos em quarentena, eu sei que grande parte da população não tem essa sorte, e a grande maioria irá ficar desempregada (não que eu não corra esse risco, na empresa já teve alguns deligamentos) e, perder o emprego no meio dessa pandemia será ainda mais difícil.
Eu não vou bancar a ingênua e dizer que isso não pode acontecer comigo só porque estou trabalhando em home office, eu meio que já tenho um plano B se isso acontecer, afinal o aluguel não se paga sozinho.
Eu passei muito tempo sem escrever, eu meio que não tinha vontade com tantos desmandes que aconteceram, mas agora é diferente.
Porque você deve estar se perguntando, e a resposta é simples:
O mundo como você conhece acaba de mudar.
Eu já vi isso acontecer.
Nasci durante a ditadura militar, vi coisas que uma criança não deveria ver por morar em uma região de fronteira, vi a democracia renascer no país com os militares deixando o poder e o povo indo às urnas para finalmente poderem escolher seus governantes.
Vi esses governantes se transformarem em lobos loucos por poder e enlouquecidos por dinheiro.
Vi o lado negro do ser humano vir à tona nos últimos anos, exibindo toda podridão por suas fantasias macabras.
O mais triste de tudo isso é saber que muitas pessoas sabem dessa podridão e não denunciam, simplesmente dão de ombros dizendo que não é com eles então pra que se importar.
Pra que, não é? Milhares de pessoas são sequestradas todos os anos, porque as pessoas não se importam.
Eu estou saindo do foco aqui, a questão é que:
As pessoas não perceberam que o mundo mudou, elas continuam a viver no mundo do EU, esse mundo não existe mais, agora o mundo será o NÓS, sim caminhamos pra algo mais coletivo, o liberalismo selvagem pode estar dando a abertura para algo novo, algo que o vizinho que está curtindo o churrasco dele com os amigos não percebeu, assim como não entendeu que essa doença está avançando.
Eu estou preocupada, sim estou, a minha imunidade está muito comprometida, eu não sei o quanto eu consegui estabiliza-la. Eu faço parte do grupo de risco e, sim nas próximas semanas posso ser contaminada mesmo sem sair de casa, o residencial onde resido as casas são bem próximas e muros não podem lutar contra o vento, não é?
Eu aceitei a inevitabilidade da situação, por isso voltei a escrever, o meu lado narcisista quer deixar uma marca no mundo.
Pelo menos uma coisa boa vai restar para os sobreviventes (é porque a quarentena está apenas começando, vamos vive-la pelo menos mais uns dois meses - sim sou otimista, me processe), eles irão reaprender como é ter uma convivência familiar. tenho a esperança de que quando tudo isso terminar, os sobreviventes sejam mais conscientes e valorizem mais a família em vez do dinheiro.
Se eu sobreviver estarei me mudando, vou morar perto da família, não quero viver essa angustia de não saber o que está acontecendo com eles mais.
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