terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Momento inútil - Loukuras da mente humana - 1

Parte 1

Ela olhou com desprezo a cena à sua frente, virou as costas e saiu batendo a porta em um estrondo.
Os dois amantes olharam rápido para a porta. Alguém estivera ali? A porta já estava fechada. Qual porta havia batido?
Merda!
Em seu intimo ele sabia, há tempos vinha deixando sinais, ela que se julgava tão esperta não havia percebido isto? Então porque raios estava com aquela sensação de culpa? A contragosto se levantou lentamente se encaminhando para a porta a abrindo subitamente.
Ninguém.
Mas ele sabia, cada célula de seu ser gritava a plenos pulmões.
Foi ela! Ela esteve aqui! Ela o flagrou, seu idiota! Suas mentiras acabaram
E contrariando o que esperava sentir, uma avalanche de impotência o dominou, não era esse sentimento que esperava sentir. Tinha certeza de que quando tudo acabasse ele se sentiria em um profundo extase, quase euforico e não assim.
Merda! Merda! Merda!
É uma grande merda mesmo! Há dois minutos atrás estava no céu e agora?
Agora ela o reduziu a nada!
Como Sempre!
Aquela biska, sempre se sentindo superior, no fundo ela era pior que ele.
Não era verdade.
Ele era a biska, ele era ninguém.
Ela sempre lhe dera tudo! E ele sempre a pisara e agora...
- Que porra de vida! Gritou para o corredor vazio.
Nenhuma porta se abriu, ninguém apareceu. Pessoas educadas e com classe não perdem tempo com desabafos alheio. Deu meia volta e com passadas rápidas voltou ao escritório, só restou o eco no corredor da porta batendo. Foi direto até a janela, ainda pode vê-la entrando no carro e acelerrando, ficou olhando até bem depois do carro sair de vista, até que toda poeira abaixasse.
Ele sabia. Ela sabia.
Era o fim.
Ficou olhando por aquela estúpida janela por muito tempo, não se movia, apenas olhava sem nada ver.

- Que merda você fez agora? Artur o advogado da familia o encontrou em frente à janela.
Ela fora rápida. Eficiente como sempre! Ele riria se tivesse animo.
- O que quer que eu diga? Nem se deu ao trabalho de se virar para ver quem era, reconhecera a voz.
- Que porra! Não podia manter seu pinto dentro das calças não? Ou pelo menos fosse mais discreto?
- Discreto? Começei a rir.
- É seu porra, DISCRETO.
- Eu sou assim.
- E se ferrou! Ela quer que você assine isto e dê o fora da casa ainda hoje. Ele lhe estendeu um maço de folhas para que as pegasse.
- Só isso?
- O que você quer? Ela viu a sua festinha, você sabia o que te aconteceria se te pegassem, eu te avisei.
Ele só o olhou.
- Pelo amor de Deus, coloque suas calças, não quero ver seu pinto! Ele estava exasperado ante a passividade dele.
- Por que? Ele é a única coisa que meu de verdade.
- Anda, vista-se! Ou vai querer sair assim? Disse jogando as calças para que as vestisse.
Dando os ombros ele vestiu as calças.
- Puta que pariu! Que grande merda você aprontou aqui. Disse ao apontar para o sofá todo sujo.
- Só uma festinha. Sua atenção estava agora sobre o documento em suas mãos. Não precisava ler, sabia exatamente o que constava ali.
- Que merda! Isso é bolo? Disse ao se aproximar do sofá todo lambuzado.
- É!
- E cade a piranha da vez?
- Sei lá. É só assinar isso?
- Exato! Cara esse sofá não vai limpar nunca! Falou mais pra sí mesmo.
- Vai sim é só doce.

A vida é estranha, até alguns momentos atrás ele tinha tudo e agora, bastava um rabisco e voltaria a ser o mesmo João-Ninguém de sempre. Merda de vida!
Pra que adiar o inevitável? Rabiscou a sua assinatura e estava pronto! Tudo havia acabado de vez. Estava livre daquela enchessão de saco, daquela convicência tétrica, daquelas regras estúpidas! Com coisa alguém no mundo se importa de que lado a faca deve ficar, ou se esqueceram o garfo do peixe? Um bando de ricos estúpidos, isso sim! Não sabem o que é viver, nenhum deles tem sangue nas veias! O que corre neles é Pró Seco gelado e nada mais.
Entregou o documento assinado.
- Pode me dar uma carona?
- É por isso que vim!
- Vou pegar os meus livros e então podemos ir.
- Livros? Não me faça rir. Desde quando sua coleção de Playboy encadernada virou livros?
Quase respondeu: - Desde que aprendi a gostar de escritores idiotas e me tornei um também. mas não respondeu nada. Ninguém se importava com a sua vida mesmo. A ironia é que escrevia com um antigo pseudônimo que ela usara quando estudante e como não devia explicações a ninguém de seus atos, contaria de qualquer maneira em seu próximo trabalho mesmo.
Jogou tudo dentro de um saco de lixo e saiu calmamente da casa. Não olhou pra trás, não precisava, nada dali era seu mesmo, iria sentir a falta da boa vida? Talvez. Mas logo poderia se dar ao luxo de viver como queria.
O mundo abria as pernas pra ele, e ele iria aproveitar muito dessa foda.
- Pegou tudo? O olhar crítico para o saco nas mãos do outro dispensava maiores comentários.
- Tudo o que era importante. Disse com uma voz isenta de emoção.
- Então vamos.

Da sua vida pregressa restou apenas a poeira deixada pelas rodas do carro, a partir do segundo em que atravessara o grande portão da entrada era um homem que não precisava mais viver sobre as regras de ninguém, o julgo acabara.

- Onde você quer que eu te deixe? Seus olhos não saiam da estrada vazia, sentia-se incomodado com a calma daquele homem. Somente um louco jogaria tudo pra cima por causa de um rabo de saia.
- O mais longe daqui, como ela queria.
- Que assim seja.

Rodaram por longos e silenciosos minutos, nenhum dos dois emitia um único som.

- Aqui está bom! Disse abrupto após percorrerem várias ruas movimentadas.
- Mas estamos em um hotel. Como vai pagar as diárias?
- Isso é problema meu! Obrigado pela carona. Saiu batendo a porta do carro. O advogado ficou olhando aquela pessoa sem o menor juízo entrar no hotel mais caro da cidade.
- Vai ter de lavar muito prato pra pagar essa diária! Pensou ao dar partida no carro e se afastar, não tinha mais nenhuma responsabilidade.
Ele que se foda! Pensou.
- É como dizem, você fez a sua cama, agora deite-se nela!

Após fazer o registro e pagar, ela fizera um bom trabalho, eles não exigiram o pagamento antecipado, o que um telefonema o difamando não era capaz! Quase rira deste tão infantil disparate. Como se ele precisasse de algo dela! Mas, se bem que ninguém realmente sabia dessa vida dupla dele, é realmente seria uma bela surpresa a todos. Só precisava manipular um pouco mais as coisas e pronto, ninguém, nenhum deles veria a cor de uma relez moeda dele.
Como estava cansado, parecia que havia corrido umas dez maratonas, se bem que o esforço que fizera com a arrumadeira foi quase isso, que mulher insaciável, e como gritava, pena que fora interrompido antes do gran finale.
Subiu altivo para a sua suíte. Precisava de uma semana, até que pudesse dar o próximo passo sem levantar suspeiras, mas o seu dinheiro não daria para tantos dias naquele hotel, além do mais ele precisava se distrair um pouco, essa tensão toda não era pra ele.

- Mário? Me mande uma especial, estou no Excelsior, suíte 1457, a quero em meia hora. Nada como ligar para o maior cafetão da cidade, só ele tinha as melhores.
- Por quanto tempo?
- O tempo que eu achar necessário!
- Soube que está falido, como vai pagar? Sabe perfeitamente que as minhas garotas são exclusivas e por isso muito caras.
- Me mande a guria, vou pagar em dinheiro por quanto tempo eu achar necessário, fui claro?
- O cliente é quem manda chefe.
Aquele telefonema o irritara, todos naquela maldita cidade já deveriam saber que ele fora despachado devido à suas habilidades com o sexo oposto, e como era fácil te-las embaixo de sí. Bastavam algumas palavras e pronto, elas praticamente o devoravam, todas o queria, primeiro porque elas queriam ser a próxima senhora Borges, e depois dele, os outros eram ninguém, ele sabia como comer uma vadia muito bem.
Uma discreta batida na porta antes que ela se abrisse, ele já se encontrava completamente nú, a recepção o avisara da chegada da vadia.
- O dinheiro está em cima da mesa. A jovem o olhou, contou as notas e guardou na bolsa cara.
O Mário caprichara dessa vez, a guria era deliciosa.
- Vem neném, vem me fazer feliz.
A moça foi tirando a roupa a medida em que se aproximava.
Não se fazendo de rogado, já foi beijando seu pescoço, a pele dela era macia, tinha de ser pela fortuna que estava pagando.
- Depois dessa noite, é você quem vai pagar pra que eu te coma. Ele riu do ar incrédulo que ela fez, ele conhecia o tipo, se achava profissional, mas quando terminasse seria como as outras, logo ela lhe procuraria pedindo mais.

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